O risco de uma mulher apresentar câncer de mama durante sua vida é de 10 a 12%, ou seja, 1 em cada 8 ou 1 em cada 10 mulheres vão desenvolver o câncer de mama durante seu período de vida, segundo divulgação da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Nas últimas décadas houve um progresso significativo no tratamento do câncer de mama, porém a importância do diagnóstico o mais cedo possível, quando ocorre a doença, continua sendo muito importante para diminuir sua gravidade e mortalidade. O exame de mamografia é um importante aliado no combate a essa doença. A Sociedade Brasileira de Mastologia e o Colégio Brasileiro de Radiologia, indicam que a mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos de idade para as mulheres em geral.
Em mais de 90% dos casos dos casos de câncer de mama não se observa uma incidência aumentada da doença na família da paciente. Contudo existem famílias que concentram um número de casos significativamente maior do que a população em geral. Estas famílias podem ser acometidas pelo chamado Câncer de Mama Hereditário, onde alguns membros da família possuem um gene alterado que os predispõem a um risco mais elevado de apresentarem a doença. Inclusive os homens que carregam este gene alterado têm mais chance de manifestarem a doença; sim, homens também podem ter câncer de mama, embora a prevalência seja muitíssimo menor do que nas mulheres.
Quando está indicado fazer o teste para detecção do gene que predispõe ao câncer?
Atualmente o teste não é recomendado para todas as pessoas de maneira indiscriminada, como uma forma de prevenção. E também não se encontra uma recomendação bem definida e de consenso entre as instituições representativas de combate ao câncer em diversos países. Talvez isto ocorra pela grande variedade de chance de encontrar o gene alterado frente às diversas apresentações da doença em diferentes famílias. No entanto determinadas ocorrências pessoais ou familiares indicam uma maior probabilidade de se detectar um gene alterado e devem ser observadas, dentre outras:
· Câncer de mama diagnosticado em idade igual ou menor a 50 anos
· Câncer de ovário
· Mais de um câncer primário, nas duas mamas ou na mesma
· Câncer de mama em homem
· Duas ou mais familiares com câncer de mama, uma delas em idade igual ou menor a 50 anos
· Combinação de câncer de pâncreas e/ou próstata com câncer de mama e/ou ovário
· Três ou mais familiares com câncer de mama em qualquer idade
O que fazer após o diagnóstico do gene?
Antes de realizar o teste, é muito importante que a paciente converse com sua médica sobre tudo que está envolvido na realização do teste. Desde as consequências de um resultado positivo, ou negativo; as características e limitações dos diferentes testes disponíveis e ainda das preferências pessoais da paciente em relação a medidas preventivas e possíveis procedimentos decorrentes do resultado.
Como exemplo, mulheres com uma variante patogênica no gene BRCA1 teriam uma probabilidade de 55 a 72% de apresentarem câncer de mama até 70-80 anos de idade. Em relação ao gene BRCA2, a probabilidade é estimada entre 45-69%.
Possíveis medidas a serem tomadas frente a um resultado positivo compreendem uma mudança no planejamento de exames preventivos, sendo estes iniciados mais precocemente e adicionando outros exames, como por exemplo, ressonância magnética e também intervenções como quimioprevenção, onde a mulher passa a tomar uma medicação para diminuir a chance de apresentar câncer. Outra medida possível neste cenário são as cirurgias de remoção das mamas e ovários.
Mais uma vez deve ser lembrada a importância da participação conjunta da paciente e sua médica em todo o processo, antes da realização do exame e na interpretação do resultado. A decisão compartilhada da conduta a ser tomada, sendo ela baseada em informações confiáveis é a melhor maneira de se obter um resultado satisfatório.